My body is a cage - Peter Gabriel

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Monday, December 06, 2010

The Coffee - Story


[Parte 1]

Ele sentia-se vazio, e como sempre, a nicotina iria encher esse buraco.
Virou à direita do sinal de STOP já gasto e amolgado, mais ao longe viu um café simples mas elegante, com uma esplanada bastante subtil e acolhedora. Sitio ideal para parar 5 minutos e fumar o cigarro que tanta falta lhe fazia.
A chuva começava a dar sinais de vida.. tinha que se apressar, em passos longos foi até ao café e parou diante da porta verde com uns números dourados em cima. "Sweet, Sweet Coffee", era o nome do café, nunca tinha ouvido falar. Empurrou a porta e olhou à volta, tinha aspecto de Pub Inglês, todos os que estavam lá dentro, olharam para ele, e acenaram, como se fosse um conhecido de longa data.
Olhou para o balcão e lá estava um homem, de meia idade e de cabelo grisalho. O seu olhar prosseguiu à volta da sala, mas parou no instante em que A viu. Ela era simples, e livre. Sim, Livre. Não a conhecia, mas desejava-a, queria-a..Estava a servir 2 cappuccinos e sorria com o sorriso mais simples e brilhante do mundo. Foi à mesa do lado, tirou o bloco de notas e apontou o que os clientes desejavam, piscou o olho e foi para o balcão.
"Tenho que falar com ela, necessito de falar com ela..." disse Ele. Em passos inseguros, sentou-se num banco de quatro pernas ao balcão, à sua frente estava precisamente Ela, estava de costas, a falar com o cozinheiro. Virou-se e olhou-o, limpou as mãos ao avental meio sujo - e mesmo fazendo esse gesto brutesco e tosco pareceu-lhe o mais belo e delicado. Ela perguntou alguma coisa, mas Ele distraído como estava não conseguiu ouvir, fez um "Han?" pouco audível e envergonhado. Ela sorriu e perguntou:
- Que vai o Sr. desejar?
"- A Sra." - pensou Ele
- Um maço de tabaco "Camel" e um café sem açúcar.
Enquanto Ela pegava na cafeteira, comentou:
- Café amargo.. Pouca gente gosta...
- Tenho gostos requintados.
- Somos dois então - E fez de novo o seu sorriso glorioso.
Serviu o café, e apoiou-se no balcão. Ele olhou-a e Ela olhou-o também. Qualquer coisa estava dentro da barriga dele, mas não sabia dizer o que era. Deu um golo naquela chávena de café amargo que lhe parecia doce na presença dela.
- É misterioso.. - comentou Ela
- O café..? Não acho..
Ela riu-se e prosseguiu:
- Não é o café, mas sim o senhor. Nunca o tinha visto antes, e já aqui trabalho há 5 anos, conheço metade da vida das pessoas que entram aqui. Mas não a sua, e sinceramente nem consigo tirar nenhuma conclusão pois o senhor não o deixa transparecer.
- Suponho que seja mau... mas sinceramente? Não importa. Não há muito para contar, e o que há é desinteressante e aborrecido. A razão por que vim aqui? Tinha um buraco vazio, e vim procurar uma maneira de o preencher. E como sempre encontrei sempre a mesma. O pacote de cigarros, vou ser sincero, nos anos de existência do "buraco" não encontrei nenhuma outra solução senão o tabaco.
- Ah! Mas isso é completamente mentira.. o buraco pode ser fechado, mas não com tabaco.. isso só o expande mais, e sem o senhor dar conta.
- Talvez sim, talvez não. Bem, obrigada pelo café.
- Venha sempre que quiser.
A chuva continuava a cair, mas naquele momento não importava, sentia-se feliz, e sentia o buraco mais fechado. E talvez Ela tivesse razão, provavelmente não era preciso nicotina.. mas era a única coisa que tinha ao seu alcance. Foi para casa, e percebeu que afinal, o café era perto da sua casa. Tinha um local novo...

1 comment:

Catarina said...

So beautiful *o*